Egoísmo e altruísmo. Paradoxos que podem se dar as mãos na
solução de tornar a solidão um motivo a mais para estar e ser melhor na
multidão.
A Administração Pessoal acontece assim, no egoísmo altruísta
que a solidão harmoniza, vitaliza, pois prepara o “eu” para encontrar-se melhor
com o “tu”.
Recolher-se no mais profundo do eu, privilegiar o
autoconhecimento, lugar no qual as máscaras são naturalmente retiradas e a face
às vezes cansada é apresentada. Não simplesmente para constatar e cair talvez
no complexo de inferioridade, mas para ser autêntico na vida, consigo e com os
outros. Fazer uma análise SWOT, percebendo forças, fraquezas, ameaças e
oportunidades.
Há alguns que não suportam a si mesmo, não suportam a solidão
e o silêncio, têm medo. Preferem a internet até o sono chegar (ou prolongar), a
música para distrair e acalmar (ou agitar), e outras coisas que distraem a
atenção e o foco. E quando o sono chega ou se tenta dormir, a sensação é que o
dia está incompleto, faltou algo a fazer, alguém pra falar. Percebe-se então
que a alma não consegue o sossego restaurador e o intervalo necessário no
seguimento dos dias.
E são poucos os que refletem sobre si. Seja através de uma
reflexão antropocêntrica, que coloca o eu no centro, avaliando-o em relação ao
dia e/ou através de uma reflexão teocêntrica, elevando o eu a Deus,
reconhecendo que nele o eu é santificado.
O paradoxo do egoísmo altruísta pode ter o sinônimo de Administração Pessoal. Aquela que o
indivíduo, qualquer que seja sua atividade e profissão, consegue administrar a
si mesmo, ou seja, seu tempo, suas emoções, seus compromissos e as prioridades
para viver com totalidade e qualidade a sua vida.
Quando sou altruísta não sendo, ou seja, utilizando-se da
máscara que superficializa o meu eu verdadeiro, posso estar sendo egoísta.
Então aquilo que faço e sou, ainda que seja algo solidário, será
instrumentalizado erroneamente para que somente o ego seja satisfeito.
A reflexão interior nas suas variadas formas torna-se o
momento propício de organização do EGO, permitindo que o silêncio seja
positivo, bem como a solidão. A solidão que prova e provoca solidez, que
amoriza e não entendia a alma.
Momento de parar, se recompor, de entrar no quarto do próprio
coração. Assim, poder rir e chorar de si mesmo sem restrições e medos,
refletindo sobre os dons e talentos, mas também sobre os limites e defeitos.
Momento de crescimento, de amadurecer, de firmar a identidade, com liberdade,
com verdade.
Egoísmo altruísta. Necessidade humana de parar um pouco,
disciplinar-se no que se é para melhor ser com o outro.
Daí a necessidade de uma valorização do indivíduo, enquanto
pessoa dotada de potencialidade, na complexidade do seu ser (fruto do meio, das
experiências e da cultura). Sob essa ótica torna-se possível o entendimento do seu
comportamento dentro de um determinado grupo.
Não se trata simplesmente de causa e efeito, mas de uma
necessidade para que os grupos, e de forma especial as Organizações sejam
beneficiadas e diminuam os problemas relacionados ao gerenciamento de pessoas.
Pois quanto mais as pessoas exercitarem o “egoísmo altruísta” e realizarem a
Administração Pessoal, mais estarão preparadas para se relacionarem produzindo
bons resultados aos grupos nos quais estão inseridas.
Nada de altruísmo egocêntrico, instrumentalizando o outro
para benefício próprio, este falsifica a caridade. Mas sempre o EGO que caminha
ao ALTER, na valorização de saber quem se é, para saber o que se quer, no contexto da sua vivência social. Quem sabe assim, as pessoas -na união do eu e tu- consigam viver
melhor a dimensão do NÓS.